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Anorexia depois dos 40: o transtorno alimentar invisível

  • Foto do escritor: Renata Farrielo
    Renata Farrielo
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura
Mulher idosa sentada em cima de um banco de cozinha, com os joelhos dobrados junto ao peito, vestindo jardineira azul e camiseta branca. Ela sorri levemente, em um ambiente doméstico moderno, transmitindo uma mistura de fragilidade e serenidade
Karen Moult, artista de Tulsa, Oklahoma, com o marido, Gene. Ela se considera em recuperação após uma luta de mais de 40 anos contra a anorexia. Crédito: Melissa Lukenbaugh para o The New York Times

Você já parou para pensar que transtornos alimentares não têm idade?


Recentemente li uma matéria no New York Times sobre Anorexia depois dos 40. Contava sobre mulheres acima dos 40-60 anos que ainda lutam contra a anorexia. Muitas convivem com o transtorno desde a juventude — sem nunca terem recebido tratamento adequado. Outras só buscaram ajuda depois de décadas tentando manter o controle do corpo, do peso e da comida. Algumas chegaram aos 70 ainda contando calorias, medindo porções, vivendo com culpa e medo de engordar.


O mais assustador é que essa realidade está longe de ser exclusiva dos Estados Unidos.

Se por lá o tema começa a ganhar visibilidade, aqui no Brasil os números e o silêncio em torno do assunto podem ser ainda mais preocupantes.


Quando a obsessão com o corpo atravessa a vida toda

Vivemos em um país onde a cultura da dieta é praticamente uma regra social — especialmente para mulheres. Desde muito cedo, aprendemos que ser magra é ser aceita, admirada, desejada. Crescemos ouvindo elogios por emagrecer e críticas disfarçadas de “preocupação com a saúde” sempre que o corpo muda.


Não é à toa que o Brasil é um dos países com maior insatisfação corporal do mundo. Ainda existem poucos estudos com mulheres mais maduras, mas em um estudo da USP com mais de 4 mil universitárias brasileiras, os pesquisadores encontraram uma prevalência de comportamento de risco (chamado de comer transtornado) entre 23,7% e 30,1%. Diante da realidade atual, é muito provável que muitos desses comportamentos de riscos não desapareçam com a idade e podem se agravar virando um transtorno alimentar.


O comer transtornado é caracterizado por comportamentos alimentares problemáticos e métodos inadequados para perder ou controlar o peso que ocorrem com menor frequência e de forma menos severa do que o exigido pelos critérios diagnósticos


Muitas mulheres acima dos 40 — e mesmo acima dos 60 — podem continuar presas a uma relação conflituosa com a comida. A diferença é que, com o tempo, o sofrimento vai se tornando cada vez mais invisível.


Transtornos alimentares em mulheres maduras existem — e precisam ser levados a sério


A anorexia nervosa é o transtorno psiquiátrico com maior taxa de mortalidade — e também um dos mais negligenciados em mulheres mais velhas. Por muito tempo, acreditou-se que era algo "de adolescente", o que atrasou diagnósticos, invisibilizou sintomas e dificultou o acesso ao tratamento.


Mas os impactos aparecem. Anos ou décadas de privação alimentar deixam marcas no corpo: osteoporose, perda de massa muscular, problemas gastrointestinais, arritmias, queda da imunidade. E o sofrimento psicológico, muitas vezes silenciado, segue profundo.


Aqui no Brasil, o problema se agrava por dois fatores principais:

  1. Estigma e vergonha — Muitas mulheres maduras não se sentem autorizadas a pedir ajuda. Acham que já “deveriam ter superado” isso, que “é tarde demais”, ou que “transtorno alimentar é coisa de jovem”.

  2. Falta de preparo dos profissionais de saúde — Grande parte dos serviços especializados ainda foca em adolescentes e jovens adultas, e os planos de saúde raramente cobrem tratamentos completos.


Ainda dá tempo de mudar a história

Mesmo depois de décadas convivendo com um transtorno alimentar, a recuperação é possível. E nunca é tarde para iniciar esse caminho.

A ajuda certa faz diferença. Hoje já existem abordagens mais humanas, que levam em consideração o histórico de vida da paciente, seu contexto emocional, suas crenças e medos. Tratamentos baseados em psicologia comportamental, cuidado nutricional gentil e suporte psicológico têm mostrado resultados reais.


E mais do que atingir um “peso saudável”, o objetivo da recuperação é poder viver com mais liberdade e menos medo. Comer com prazer, respeitar os sinais do corpo, se libertar do controle constante.


Se você se identificou com esse texto...

Você não está sozinha. E não tem nada de errado em ainda estar lidando com isso depois dos 40, 50 ou 60 anos.


Reconhecer esse sofrimento já é um passo corajoso. Buscar ajuda é um ato de cuidado com você mesma.


Se quiser conversar mais sobre isso ou conhecer formas de tratamento respeitosas e individualizadas, estou aqui para ajudar. 💛


Agende uma consulta no whatsapp 11-94212-3449



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