top of page

O peso ideal: seu corpo pode não querer o mesmo que você

  • Foto do escritor: Renata Farrielo
    Renata Farrielo
  • 12 de set.
  • 4 min de leitura
Peso ideal: seu corpo pode não querer o mesmo que você
Peso ideal: seu corpo pode não querer o mesmo que você

Quando falamos em emagrecimento, é comum pensar que tudo depende apenas da força de vontade, disciplina e “fazer tudo certo”. Mas a ciência mostra que a realidade é muito mais complexa. Nosso corpo tem mecanismos próprios de regulação do peso e, muitas vezes, o que desejamos não é o que ele reconhece como seguro.


Isso não significa que não seja possível emagrecer ou melhorar a composição corporal. Mas entender como o corpo funciona ajuda a ajustar expectativas, evitar frustrações e, principalmente, adotar estratégias mais realistas e respeitosas com a nossa biologia.


A ciência traz algumas explicações e teorias do por que nem sempre emagrecer (ou manter o emagrecimento) é uma tarefa simples. Veja abaixo:


1. A teoria do set point: o peso de referência do corpo

A teoria do set point sugere que cada pessoa tem uma faixa de peso considerada “padrão” pelo organismo. Dentro dessa faixa, o corpo ativa mecanismos para manter o equilíbrio: ajusta o apetite, a fome, o gasto de energia e até a termogênese (a quantidade de calorias que gastamos em repouso).


👉 Exemplo prático: quando você come muito em um jantar ou festa, é comum que sinta menos fome no dia seguinte. Isso acontece porque o corpo compensa o excesso para não sair muito da faixa considerada segura.


Mas quando a perda de peso empurra o corpo para fora desse intervalo, entram em cena respostas compensatórias: aumento da fome, queda do metabolismo e até alterações hormonais que dificultam o emagrecimento. Isso ajuda a explicar por que os famosos “últimos 3kg” são tão difíceis de perder.



2. A teoria dos genes poupadores e gastadores

Outra explicação é genética. Existem pessoas com maior tendência a armazenar energia (os chamados thrifty genes, ou “genes poupadores”) e outras com maior facilidade para gastar (os spendthrift genes, ou “genes gastadores”).


  • Fenótipo poupador: o corpo reage a dietas restritivas diminuindo drasticamente o metabolismo, o que torna a perda de peso mais difícil. Quando há abundância de comida, o gasto calórico não aumenta o suficiente, favorecendo o ganho de peso.


  • Fenótipo gastador: o corpo mantém o gasto calórico mesmo comendo menos e, diante de excessos, aumenta a queima de energia. Essas pessoas tendem a resistir ao ganho de peso e emagrecem mais facilmente.


Na realidade, a maioria de nós está em algum ponto intermediário entre esses dois extremos.


Um detalhe importante: estudos sugerem que a prática repetida de dietas restritivas pode induzir o corpo a se comportar de forma mais poupadora, tornando cada nova tentativa de emagrecer mais difícil.


Isso nos mostra o quanto comparar nosso próprio processo com o de outra pessoa não faz sentido, porque cada corpo responde de forma única.


3. A teoria da deriva genética

Proposta por John Speakman em 2013, essa teoria olha para a evolução humana. Por milhões de anos, nossa sobrevivência foi ameaçada principalmente por fome, infecções e doenças.


Nesses cenários, os corpos que tinham maior capacidade de acumular gordura tinham mais chances de sobreviver.


Já o risco de morrer por ser “mais pesado” (por exemplo, ao fugir de predadores) foi se tornando irrelevante com a evolução do Homo sapiens, que passou a viver em grupos, caçar em equipe, usar armas e controlar o fogo.


Resultado: a pressão evolutiva contra a perda de peso continuou existindo (porque a fome sempre foi um risco real), mas a pressão contra o ganho de peso deixou de atuar.

Isso explica por que, no ambiente moderno, com abundância de comida ultraprocessada, tantas pessoas enfrentam dificuldades para manter um peso considerado saudável.


Por isso é importante de lembrarmos que o seu corpo não está “contra você”, ele está tentando proteger a sua sobrevivência.


Então… é possível mudar o “padrão de peso”?

Alguns estudos sugerem que, ao permanecer por um tempo prolongado em um novo peso, o corpo pode passar a reconhecê-lo como referência. Mas isso varia muito entre indivíduos. Para alguns, acontece em meses; para outros, em anos; e em alguns casos, talvez nunca.

Por isso, mais importante do que “forçar o corpo” a aceitar um peso específico é adotar uma visão mais ampla:

  • Buscar hábitos sustentáveis.

  • Melhorar saúde metabólica e bem-estar.

  • Reduzir a luta interna e o ciclo de frustração.


Ou seja...

...o peso ideal não é apenas o que você vê na balança ou nas redes sociais. É o peso em que seu corpo consegue funcionar bem, mantendo saúde e energia, sem estar em guerra contra você.

Entender teorias como o set point, os genes poupadores e gastadores e a deriva genética ajuda a enxergar que emagrecimento não é apenas sobre força de vontade.


É sobre biologia, história de vida, ambiente e, principalmente, sobre respeitar os limites do corpo e entender o que é saúde de verdade!


Com uma abordagem individualizada, realista e sem extremismos, é possível conquistar mais saúde e qualidade de vida! Conte comigo nesse processo!


Agende sua consulta pelo whatsapp 11-94212-3449

Consultório de Moema Av. dos Carinás, 185 - 2º andar - Indianópolis, São Paulo - SP, 04086-010 Consultório Market Place

Av. Dr. Chucri Zaidan, 940 - Torre II - 3° andar - Vila Cordeiro, São Paulo - SP, 04583-110 - O estacionamento é o mesmo do shopping. A entrada do prédio quando estiver dentro do shopping, é do lado da loja Mundo verde.

Referências: COELHO, Desiré. Por que não consigo emagrecer? Um olhar sobre corpo, comportamento e alimentação. São Paulo: Editora Function, 2022

 
 
 

Comentários


bottom of page