Quase todo mundo já deve ter escutado que comer industrializado é ruim para a saúde. Mas será todo industrializado é ruim?
Antes de mais nada é preciso explicar que o termo "industrializado"é usado para todo produto que passou pela indústria. Mas aí eu te pergunto: Arroz e feijão também passa pela indústria para ser escolhido, lavado e ensacado, certo? E esses são ingredientes que não devemos excluir, nem evitar, concorda?
Exatamente aí é que está o ponto. Precisamos saber diferenciar os tipos de industrializados. O nível de processamento que o alimento passa dentro da indústria, o que ele recebe de ingredientes e aditivos é o que faz a diferença.
O Guia alimentar para a população brasileira, que recomendo muito que todos leiam, traz uma classificação dos alimentos de acordo com o tipo de processamento que ele sofre conforme mostra a figura abaixo:
Em outras palavras:
Alimentos in natura são aqueles que normalmente são vendidos como foram obtidos direto da natureza e nem sempre possuem rótulos. Por exemplo, brócolis comprado na feira, ovos, carnes frescas.
Alimentos minimamente processados são aqueles que sofreram pequenas intervenções, mas que não receberam nenhum outro ingrediente durante o processo (nada de sal, açúcar, óleos, gorduras ou aditivos). Exemplo: vegetais congelados.
Ingredientes culinários processados são aqueles que usamos apenas para preparar os alimentos in natura ou minimamente processados. Eles não são consumidos isoladamente, mas entram nas preparações para temperar, refogar, fritar, cozinhar, enfim, para transformar os ingredientes nos mais diferentes pratos. Exemplo: sal, mel, açúcar, manteiga, óleo.
Alimentos processados são aqueles que receberam adição de sal, açúcar, óleo ou vinagre e foram submetido a técnicas como cozimento, secagem, fermentação e métodos de preservação, como salga, salmoura, cura e defumação. Exemplo: milho em lata, queijo meia cura, carne seca.
Alimentos ultraprocessados são feitos nas fábricas a partir de diversas etapas de processamento e combinam muitos ingredientes que ninguém tem na cozinha de casa.
Uma das grandes questões dos dia atuais na nutrição é o alto consumo de alimentos ultraprocessados na população mundial. Segundo um documento divulgado pela GLOBAL FOOD RESEARCH PROGRAM cerca de metade do total de calorias consumidas nos
Estados Unidos, no Reino Unido, e no Canadá, e cerca de 20-40% das calorias em outros países de alta e média renda, são provenientes de ultraprocessados.
E qual o problema nisso? Segundo Nupens, Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública , da Universidade de São Paulo, os ultraprocessados trazem riscos para uma ingestão de quantidades excessivas de açúcar e gorduras não saudáveis, além de teores insuficientes de proteína, fibra, vitaminas e minerais. Implicam ainda no consumo de uma grande porção de aditivos e outras substâncias que, embora de uso legal, têm efeito incerto sobre nossa saúde – na melhor das hipóteses. Há mais uma série de outros impactos: o desestímulo à agricultura familiar e à biodiversidade, a ameaça aos recursos naturais, o aumento da produção de resíduos sólidos e a extinção de culturas alimentares genuínas.
Outro ponto importante é que este tipo de alimento provoca um comer mais impulsivo. É só lembrar a ultima vez que você estava com um pacote de salgadinho ou bolacha recheada na mão e acabou comendo mais do que gostaria, ou nem perceber que comeu inteiro. Isso é bastante comum porque normalmente possuem muito sal, açúcar e muita gordura, tornando-os hiperpalatáveis, ou seja, muito saborosos. E aí fica mais desafiador de conseguir parar de comer respeitando sinais de fome e saciedade.
A melhor maneira de entender se um alimento é um ultraprocessado é ler a lista de ingredientes. Você sabia que há uma legislação que obrigada os fabricantes a colocarem os ingredientes em ordem decrescente? Sempre do que tem mais para o que tem menos. Se na lista tiver aquele monte de nomes que a gente não faz ideia o que é (aditivos em geral), se trata de um ultraprocessado e deve ser evitado.
E aqui vale ressaltar que o termo usado é "evitado"e não proibido. Destaco isso porque se você mantem a sua alimentação rotineira com alimentos in natura e minimamente processados em sua grande maioria, um alimento ultraprocessado esporadicamente não coloca tudo a perder, ok?
Como eu sempre digo, a atenção deve estar na combinação e na quantidade, mas principalmente na frequência do que comemos.
Compartilhe este texto com aquelas pessoas que você ama e que precisam conhecer melhor essa classificação para fazerem melhores escolhas e terem mais autonomia alimentar, entendendo o que de fato fazer sentido manter no dia a dia.
Esse é assunto recorrente em minhas consultas, por isso conte comigo para conversar sobre esse assunto, tirar dúvidas e mandar sugestões.
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